Publicação original: 1998por Prof. Eduardo de Oliveira
Joel Rufino dos Santos
Escritor e intelectual orgânico
No dia 19 de junho de 1941 nasce, na cidade do Rio de Janeiro, Joel Rufmo dos Santos, um dos nomes mais conhecidos e respeitados de quantos se projetam hoje, no cenário nacional, na condição de escritores negros que abrilhantaram a geração a que pertencem. Joel Rufino dos Santos, sabe dosar a sua atuação entre os absorventes afazeres da vida acadêmica e a participação de autêntico militante, que sempre se posiciona, no campo prático ou teórico, de modo a contribuir com a sua energia e com os seus judiciosos conhecimentos, para que os afro-descendentes sejam vistos, tratados e reconhecidos como cidadãos de primeira classe. Para constatarmos este procedimento, basta que passemos um olhar, ainda que superficial, por sobre alguns dos títulos das inúmeras matérias por ele produzidas, para que nos cientifiquem que es e moço, culto e operoso, em tudo tem dignificado a sua origem negra, por tratar-se de um dos nossos estudiosos mais sensíveis e capacitados. Consciente e perfeitamente identificado com as verdadeiras causas populares brasileiras é o que deu motivo para que Joel Rufino dos Santos fosse submetido a uma prova de fogo, ao ver que o seu primeiro trabalho, como escritor, viesse a ser totalmente proscrito pelos rigores da censura que se estabeleceu sob o guante do regime militar de 1964, cabendo-lhe, por castigo, banimento da obra e de seu convívio com a sociedade, pelo fato de haver contribuído, como e enquanto co-autor da feitura da História do Brasil. Hoje, são de consulta obrigatória os seus livros que tratam da questão afro-brasileira como Que é o Racismo, Quem fez a Repúblicai, O Renascimento, A Reforma e a Guerra dos Trinta Anos, O Dia Em Que O Povo Ganhou e Mataram o Presidente (co-autoria). a área infanto-juvenil, Joel publicou, entre outros trabalhos, O Caçador de Lobisomem, O Espantalho e o Curupira, Negrinho, o Marinheiro, e Outras Histórias (lançados pelo Círculo do Livro) e Uma Estranha Aventura em Talalai. Foi precisamente com este último livro que Joel Rufino dos Santos ganhou o Prêmio Jabuti, patrocinado pela Câmara Brasileira do Livro, o que é simplesmente revelador da importância e significado desta obra. Eis, pois, algumas considerações nas quais Joel Rufino dos Santos sintetiza o que se deva entender por racismo: "Há um ano que a Baixada Fluminense conhece um frio matador, que se dá ao luxo de avisar aos jornais, quem vai matar e onde, a lhe dar crédito, teria executado, num só mês, cento e quatorze pessoas. Clama-se Mão Branca, e tão célebre ficou, que muitas mães ameaçam chamá-Ia quando o filho recusa sopa. Mão Branca é apenas o símbolo de uma organização terrorista, racista, de extrema direita executora de morte por delegação do governo. Por que Mão Branca é terrorista de extrema-direita? Porque se propõe a acabar com o crime, assassinando rapazes pobres da região mais pobre do Estado. Descontar as dificuldades coletivas em cima dos mais fracos - o pobre, o homossexual, a prostituta, o deficiente mental ou físico, o menor abandonado, o preto. o índio, o judeu - é uma invenção da "ideologia fascista". Porque Mão Branca é fascista? Basta correr a lista dos presuntos" que ela envia diariamente aos jornais, para constatar que a esmagadora maioria é de jovens negros... Pode-se objetar que é coincidência, Mão Branca não olha a cor de suas vítimas. Esta objeção é um "sofisma": a maioria tinha de ser de cor, pois ele só mata pobre... Mão Branca é uma espécie sinistra de Ku-Klux-Klan fluminense; organização terrorista, ultra-direitista, contra negros, criada nos Estados Unidos em 1866".
1) O que é Etnocentrismo, Racismo, Negritude
Primeiro Passos - Circulo do Livro: